Falar sobre Coaraci
é tão mágico, subjetivo e envolvente que, em MINHAS MEMÓRIAS, iniciei a
narrativa na terceira pessoa para escorregar sutilmente ao encontro de mim
mesma.
Ao deixar a Terra do Sol trouxe comigo,
vivas e doces recordações dos momentos em que vivi junto aos amigos, nos
dois clubes que alegravam a cidade e, principal mente a juventude.
Nos dois espaços tivemos paqueras, danças e comemorações cívicas, quinze anos, festas de casamento e bodas de prata e ouro.
Nos dois espaços tivemos paqueras, danças e comemorações cívicas, quinze anos, festas de casamento e bodas de prata e ouro.
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Antonio e Jailda |
O Clube dos Bancários estava sempre aberto a juventude por ser menos elitista. Quantas vezes marchamos até a residência do Sr. Hilton Fortunato, presidente do clube dos bancários, solicitando, gentilmente e com responsabilidade, a chave do Clube para uma festa improvisada. Ele parava, olhava o grupo e perguntava: Quem vai ser o responsável? Sempre me responsabilizava pela turma e, a finérrima pessoa, um verdadeiro gentleman, com vós pausada, olhava-me nos olhos e me estendia o molho de chaves. Não era uma troca de um fio de barba mas sim a assinatura do olhar. A atitude da responsabilidade, e, a educação recebida, nos impulsionava ao dever e a obrigação de devolver as chaves sem o menor problema. Graças aos céus fizemos o melhor.
As festas eram animadas pelas bandas locais ou ao som do rock ou twist nos vinis das velhas vitrolas. Não podiam faltar: A Jovem Guarda, Renato e Seus Blue Caps,The Fevers, Golden Boys, Os Vips, The Beatles e tantos outros. As músicas de Roberto Carlos, eram propícias aos namorados que tinham a oportunidade de entrelaçar corpo a corpo sem quase sair do lugar .
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Renato e Jailda |
As meninas faziam comparação inversa não menos chocante entre elas.
Que fale a imaginação por si só. Os tempos eram outros: namoro às
escondidas e muitas escapadelas. Nunca fizemos tantas pesquisas escolares como
naquelas décadas. Ir ao cinema era outra tática usada pelas jovens que viviam o
drama de "Toda donzela tem um pai que é uma Fera." O papo já estava
ensaiado: - Mãe, temos que ir assistir ao filme histórico porque o professor de
história recomendou e disse que vai cair na prova.
E as minissaias? As saias e calças saint-tropez que deixavam as
barriguinhas de fora?!
Jayme Galvão dizia do alto de sua autoridade conservadora de mil
novecentos e outrora: - Filha minha não usa minissaia e nem sai por aí com a
barriga de fora. Mamãe Zildinha também ficava de butuca. Não
aliviava
não!
O Clube
Social era sofisticado, elitizado. Só as famílias mais nobres e ilibadas se
associavam ao Clube. Tinha estatutos e normas inquebrantáveis. Os
frequentadores não sócios compravam as mesas com direito a cadeiras
desde que seguissem as regras e fossem jovens de boa reputação. Se a exigência
era feita aos rapazes imaginem o que não não se exigia das moças da sociedade!
Preconceitos à parte mas, narro a realidade da época.
Quando eu e Eliane conseguíamos ir a uma das
decantadas e famosas festas no Clube Social - refiro-me às festas
badaladíssimas com orquestras que vinham do Brasil e d'além mar.
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Jailda, Gracinha Requião e Eliane Galvão |
Para
isso,
apadrinhávamos com o Dr. Hedelbrando e Venancinha, Requião e Celina e outros doutos da cidade. Como dar um não a tão ilustres e conceituados casais?!
apadrinhávamos com o Dr. Hedelbrando e Venancinha, Requião e Celina e outros doutos da cidade. Como dar um não a tão ilustres e conceituados casais?!
Evidente que, durante os dias que antecediam a festa, tínhamos que
enfrentar a testa sanfonada e a carranca do pai durante os dias que antecediam
à tão sonhada noite .
O look tinha que
ser completo e em alto tom.
Junto com as
amigas, as roupas eram escolhidas, às escondidas, condizentes com tão rica
festa. Enlouquecíamos as costureiras da Cidade dando pressa escolhendo os modelos
mais bonitos e modernos e, os tecidos que fizessem jus a tão esperada
festa.
Sim, eram ricas
e suntuosas!
Vivemos os anos
dourados da cacauicultura, dos coronéis e dos ricos fazendeiros.
E agora o que faremos com as nossas roupas para não pagar o que hoje seria um tremendo
mico?
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Antonio, Jailda, Grimaldo e Eliane |
Jayme
Galvão sentava-se em frente à porta da rua esperando a nossa saída do quarto para averiguar o comprimento das saias e se o decote estava condizente com uma jovem que se prezasse. "Os Jovens tinham e continuam a ter um jeitinho para tudo." Descíamos o cós da saia e ao dobrar à esquina elas, magicamente, se transformavam em mini saias.
As festas proporcionavam a oportunidade dos jovens em conhecerem
outros pares que vinham das cidades circunvizinhas e até mesmo da bela
capital Salvador.
OK! Como foram belíssimas,
encantadoras e sublimes as festas!
Muitos casamentos surgiram dos novos conhecimentos da ventura de conhecer o príncipe ou a princesa dos sonhos juvenis.
Muitos casamentos surgiram dos novos conhecimentos da ventura de conhecer o príncipe ou a princesa dos sonhos juvenis.
O Clube Social era palco das festas cívicas, reuniões do Rotary Clube, Maçonaria, Lions Clubs, teatro e músicas. Quantas vezes subi ao palco para declamar Navios Negreiros de Castro Alves e quantas vezes cantei ao som do piano da professora Amélia Tavares. Iguais a mim muitos jovens espargiram seus talentos.
No primeiro Festival da Canção de Coaraci, após a eleição dos três primeiros lugares, o Rotary Clube presenteou a todos os participantes e familiares com um finíssimo jantar.
CONTINUA:
Fotos do meu acervo
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