segunda-feira, 12 de agosto de 2019

CLUBE SOCIAL e CLUBE DOS BANCÁRIOS



Falar sobre Coaraci é tão mágico, subjetivo e envolvente que, em MINHAS MEMÓRIAS, iniciei a narrativa na terceira pessoa para escorregar sutilmente ao encontro de mim mesma. 


Ao deixar a Terra do Sol trouxe comigo, vivas  e doces recordações dos momentos em que vivi junto aos amigos, nos dois clubes que alegravam a cidade e, principal mente a juventude. 
Nos dois espaços tivemos paqueras, danças e comemorações cívicas, quinze anos, festas de casamento e bodas de prata e ouro.
Antonio e Jailda

O Clube dos Bancários estava sempre aberto a juventude por ser menos elitista. Quantas vezes marchamos até a residência do Sr. Hilton Fortunato, presidente do clube dos bancários, solicitando, gentilmente e com responsabilidade, a chave do Clube para uma festa improvisada. Ele parava, olhava o grupo e perguntava: Quem vai ser o responsável? Sempre me responsabilizava pela turma e, a finérrima pessoa, um verdadeiro gentleman, com vós pausada, olhava-me nos olhos e me estendia o molho de chaves. Não era uma troca de um fio de barba mas sim a assinatura do olhar. A atitude da responsabilidade, e, a educação recebida, nos impulsionava ao dever e a obrigação de devolver as chaves sem o menor problema. Graças aos céus fizemos o melhor.
 As festas eram  animadas pelas bandas locais ou ao som do rock ou twist nos vinis das velhas vitrolas. Não podiam faltar: A Jovem Guarda, Renato e Seus Blue Caps,The Fevers, Golden Boys, Os Vips, The Beatles e tantos outros. As músicas de Roberto Carlos, eram propícias aos namorados que tinham a oportunidade de entrelaçar corpo a corpo sem quase sair do lugar .
Renato e Jailda
A rapaziada, que me perdoe os moralistas, chamavam à música romântica de "mela cueca". 
As meninas faziam comparação inversa não menos chocante entre elas. 

Que fale a imaginação por si só. Os tempos eram outros: namoro às escondidas e muitas escapadelas. Nunca fizemos tantas pesquisas escolares como naquelas décadas. Ir ao cinema era outra tática usada pelas jovens que viviam o drama de "Toda donzela tem um pai que é uma Fera." O papo já estava ensaiado: - Mãe, temos que ir assistir ao filme histórico porque o professor de história recomendou e disse que vai cair na prova.
Francisco e Jailda
E as minissaias? As saias e calças saint-tropez que deixavam as barriguinhas de fora?!   
Jayme Galvão dizia do alto de sua autoridade conservadora de mil novecentos e outrora: - Filha minha não usa minissaia e nem sai por aí com a barriga de fora.  Mamãe Zildinha também ficava de butuca. Não

 aliviava não!
 


O Clube Social era sofisticado, elitizado. Só as famílias mais nobres e ilibadas se associavam ao Clube. Tinha estatutos e normas inquebrantáveis. Os frequentadores  não  sócios compravam as mesas com direito a cadeiras desde que seguissem as regras e fossem jovens de boa reputação. Se a exigência era feita aos rapazes imaginem o que não não se exigia das moças da sociedade! Preconceitos à parte mas, narro a realidade da época.           

Quando eu e Eliane conseguíamos ir a uma das decantadas e  famosas festas no Clube Social - refiro-me  às festas badaladíssimas com orquestras que vinham do Brasil e d'além mar. 
Jailda, Gracinha Requião e Eliane Galvão

Para isso, 
apadrinhávamos com o Dr. Hedelbrando e Venancinha, Requião e Celina e outros doutos da cidade. Como dar um não a tão ilustres e conceituados casais?! 

Evidente que, durante os dias que antecediam a festa, tínhamos que enfrentar a testa sanfonada e a carranca do pai durante os dias que antecediam à tão sonhada noite .

O look tinha que ser completo e em alto tom.
Junto com as amigas, as roupas eram escolhidas, às escondidas, condizentes com tão rica festa. Enlouquecíamos as costureiras da Cidade dando pressa escolhendo os modelos mais bonitos e modernos e, os tecidos que fizessem jus a tão esperada festa. 
Sim, eram ricas e suntuosas!
Vivemos os anos dourados da cacauicultura, dos coronéis e dos ricos fazendeiros. 
E agora o que faremos com as nossas roupas para não pagar o que hoje seria um tremendo mico? 

Antonio, Jailda, Grimaldo e Eliane
Jayme Galvão sentava-se em frente à porta da rua esperando a nossa saída do quarto para averiguar  o comprimento das saias e se o decote estava condizente com uma jovem que se prezasse. "Os Jovens tinham e continuam a ter um jeitinho para tudo." Descíamos o cós da saia e ao dobrar à esquina elas, magicamente, se transformavam em mini saias. 
As festas proporcionavam a oportunidade dos jovens em conhecerem outros pares que vinham das  cidades circunvizinhas e até mesmo da bela capital Salvador.
OK! Como foram belíssimas, encantadoras e sublimes as festas! 
Muitos casamentos surgiram dos novos conhecimentos da ventura de  conhecer o príncipe ou a princesa dos sonhos juvenis.

O Clube Social era palco das festas cívicas, reuniões do Rotary Clube, Maçonaria, Lions Clubs, teatro e músicas. Quantas vezes subi ao palco para declamar Navios Negreiros de Castro Alves e quantas vezes cantei ao som do piano da professora Amélia Tavares. Iguais a mim muitos jovens espargiram seus talentos.
No primeiro Festival da Canção de Coaraci, após a eleição dos três primeiros lugares, o Rotary Clube presenteou a todos os participantes e familiares com um finíssimo jantar.
CONTINUA:
Fotos do meu acervo 

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