quarta-feira, 18 de setembro de 2019

CASAMENTO NA IGREJA NOSSA SENHORA DE LOURDES

No dia 15 de fevereiro de 1975, eu e Antonio nos casamos na Igreja Nossa Senhora de Lourdes numa cerimônia muito bonita, com a presença de muitos convidados e alunos do Pestalozzi. Fugindo ao convencional,  na cerimônia religiosa tivemos como pregador o pastor Jessé Maria da Silva e bênção sacerdotal pelo padre Jorge da Catedral de Ilhéus. Mandei confeccionar 30 candelabros em madeira trabalhada com flores ornando toda a igreja e em cada candelabro uma vela acesa. Dez alunas vestidas de azul com uma rosa nas mãos, entraram antes de mim e postaram-se ante oaltar. Uma delas levava a  Bíblia Sagrada, e
Marcinha, minha cunhada, uma almofada com o par de aliança. Entraram os padrinhos e ocuparam posições nas lateral da Igreja , Antonio entrou  acompanhada de sua segunda mãe Teca. Comas luzes apagadas,entrei de braços dados com meu pai, somente à luz de vela.Após o casamento, recebemos os convidados na casa de meus pais para os comes e bebes. às 22 horas, deixei a casa paterna, dormimos em Ilhéus e no dia seguinte alçamos voo até o Rio de Janeiro.
Após o casamento, recebemos os convidados na casa de meus pais para os comes e bebes. às 22 horas, deixei a casa paterna, dormimos em Ilhéus e no dia seguinte alçamos voo até o Rio de Janeiro.Passamos 15 dias em Cabo
Frio em lua de mel. 

Leonardo, nosso primogênito, nasceu no dia 19 de novembro do mesmo ano. Juninho nascera 11 meses e meio
depois, já presente no primeiro aniversário do irmão. Em 14 de dezembro de 1979 nasceu André Luiz. Em janeiro de 1983 tivemos tão sonhada filha.
Estamos casados há 44 anos numa vida plena e feliz.
Rio, 21 de setembro de 2019.
Jailda GalvãoAires.
Fotos de Abdias, fazem parte do meu acervo.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

FESTIVAL DA CANÇÃO EM COARACI

Zequinha no violão, Bruno, autor da canção "Os Retirantes"e Jailda interpretando
O FESTIVAL DA CANÇÃO em Coaraci, marcou a década de 1970 revelando talentos até então adormecidos por falta de oportunidade.
À exemplo do festival Internacional da Canção que objetivava divulgar a MPB promovendo intercâmbio cultural entre grandes centros musicais do mundo, Coaraci não haveria de ficar de fora. 
Zequinha no violão, Bruno e Jailda
Com grande entusiasmo e poder criativo eis que surge um jovem carismático e inteligente emanando arte por todas as artérias da alma, conclamando jovens coaracienses e das cidades circunvizinhas para o Primeiro Festival da Canção na Terra do Sol.
Este gênio/adolescente, Luiz Marfuz, contou com o apoio dos pais, Alfredo Salomão Marfuz e Julieta Marfuz, irmãos a juventude e toda a sociedade Coaraciense. 
Bruno Wilkins Ramos e Jailda
Filho genuíno da Terra, mudou-se mais tarde para a Capital a fim de continuar seus estudos, sendo hoje conhecido e respeitado no cenário cultural e artístico de toda a Bahia e do Brasil. 
Voltando ao Festival da Canção a febre mundial dos festivais não só inspirou como balançou e agitou a nossa Terra do Sol. 
Bruno e Jailda levantando a taça (1º lugar)
Estávamos vivendo os anos da ditadura onde tudo era inspecionado e censurado no Brasil. 
As músicas passavam mensagens subliminares usando subterfúgios que driblavam a censura no país.
 O Festival da Canção passou a ser um grande palco, ou melhor um disfarçado palanque político aonde os protestos vinham escondidos em letras inteligentes, canções belíssimas, e também em sátiras disfarçadas no teatro e em jornais clandestinos.
Em Coaraci o primeiro mascote para representar o festival foi desenhado por Alfeu Amaral, que transformara um
Mascote dos Festivais
cacau  simbolizando um jovem tocando guitarra e cantando. criação bastante inteligente  tornou-se a marca dos festivais que sucederam. O cacau representava a  monocultura tornando Coaraci um grande exportador vivendo a fase do ouro da economia local.
Jailda entre os manos Antonio e Francisco

A juventude corria de um lado para o outro, criando as letras e canções numa competição sadia e criativa acompanhados de violões, guitarras, teclado e bateria. O cinema bombou com jovens de toda a redondeza e com torcida organizada. 
Alfeu- fotógrafo do Festival, Jailda e Bruno
Em 1970, ano do primeiro festival convidada por Bruno Bruno Wilkins Ramos, que trabalhava no Banco do Brasil, para defender a música intitulada "O Canto do Retirante". Letra bonita e comovente contando a saga sofrida por todo o nordestino que vive o drama da seca. As letras dos concorrentes eram belíssimas com temas livres.
 A banca julgadora fora composta pelos moradores locais conhecedores de música e poesia. Ganhei o primeiro lugar em interpretação e a música saíra vencedora. 
Muitas outras,mereciam ganhar mas a banca escolhera por unanimidade O CANTO DOS RETIRANTES.  
Letra original do Canto do Retirante de Bruno Wilkins
Como acontecia em todos os festivaisdo Brasil e do mundo, algumas torcidas acharam injusta a escolha da música e mostrarando indignação e protesto.
Buscando coerência com a letra da canção confeccionei  uma saia de retalhos lembrando assim, a miséria vivida por muitos nordestinos. Horas antes, um passarinho voou a minha casa e sussurrou ao meu ouvido que, uma torcida,na tentativa de me instabilizar aguardava a minha entrada no palco e me vaiaria cantando "Colcha de Retalho"

Substituí a saia de retalhos por uma preta, do meu guarda-roupa,  adornando-a com flores de tecido da Loja A Girafa dos meus pais Jayme e Zilda Galvão. Deixei, assim, os torcedores sem ação. 
A canção do Bruno foi a vencedora  por unanimidade.
 Após a votação sendo escolhidos o primeiro, segundo e terceiro lugar a rivalidade pouco a pouco se esmaeceu e os competidores começaram a se inscrever para o segundo festival que aconteceria em 1971.
Eliane Galvão e Ednaldo Botelho, elegantemente vestidos, anunciavam a cada interpretação. 

As composições foram em tão alto estilo que, a canção de autoria do Luiz Marfuz e Vanildo Nunes -"A Humanidade vai Cantando"que ficara em quarto lugar, venceu o Primeiro Festival Estudantil de Música Popular realizado em Alagoinhas. 
Tem um refrão na letra de Livaldino Santos, música de Gentília Ramos "GIRA MUNDO VAGABUNDO NAS TANGENTES DO UNIVERSO" que guardo no coração como um dos versos mais bonitos que eu li e ouvi até hoje: Perfeita trova:
"Gira mundo vagabundo
Nas tangentes do universo
Gira a vida num segundo
Gira o mundo no meu verso."
Destaco também uma estrofe da letra de Luiz Marfuz e música de Roberto Marfuz, dois adolescentes criando música: 
"A sorte vai nos rios do país
O tempo desce nas cores do país
Eu desconheço o cosmo universal
Eu não mereço a dor sideral."


OBS: Arquivo pessoal de Jailda. Fotos de Alfeu. 

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

PESTALOZZI - DESPEDIDA 1974

Despedir-me do Educandário Pestalozzi, foi humanamente difícil. Noiva do meu amado esposo, em 15 fevereiro de 1975, casamo-nos e viemos morar no Rio de Janeiro. Só um amor muito grande me levaria a deixar a minha querida Coaraci, meus pais, irmãos, amigos, colegas, diretores  e meus alunos do Educandário aonde dediquei cinco anos da minha rica existência. 
Na vida bifurcam inúmeros caminhos que nos levam a danosas ou sábias escolhas: Quando escolhi a estrada do "Ensinar" sabia que não trilharia sozinha. Meu coração, minha mente e espírito me acompanhariam nesta iluminada escolha. Em março de 1970 adentrei a porta
Linalva Vila Nova
principal do Educandário Pestalozzi, o fiz com garra, determinação e muito amor. Cada aluno era um ser único e especial, cada um trazia a sua própria história. Desejei conhecer a bagagem de vida de cada aluno porque sabia que muitos traziam uma bagagem rica de amor vivida no seio de famílias amorosas e, outros, carregavam uma história de abandono, castigos e sofrimentos.  A indisciplina de alguns era fruto da revolta, da solidão, da falta do amor e da atenção dos seus. Prometi a mim mesma ser uma professora na "essência e responsabilidade que esta profissão carrega" entregando-me por inteira. Dela e somente dela podem advir uma gama diversificada  profissões e excelentes profissionais. Amei a todos por igual sem distinção do meio social a que cada um pertencia. Usei da minha autoridade e disciplinei como devia.
 Jamais enviei um aluno à secretaria porque não queria enfraquecer a minha autoridade em sala de aula. Disciplinava ali mesmo conversando ou passando exercícios para que me trouxessem na próxima aula numa forma disciplinar.
Sei que vivi outros tempos em que o mestre tinha a aquiescência e o apoio da família. 
Os pais iam ao colégio perguntar o que o filho tinha aprontado. Hoje a pergunta é outra: - Vim saber o que o professor sicrano fez ao meu filho tirando assim, a autoridade do corpo docente que compõe uma Escola. Um mundo sem hierarquia está condenado à anarquia e ao aniquilamento.
Retornando às minhas lembranças... Quando comuniquei ao colégio o meu desligamento foi como se uma ave abandonasse os filhotes no ninho. Foi um sentimento recíproco. 
Os alunos prepararam uma festa de despedida no salão nobre com apresentações de teatro, música, discursos de agradecimento e presentes pedindo-me que eu jamais os esquecesse. Como esquecer dias tão ditosos quando o amor reina por inteiro? Entre lágrimas e soluços não consegui dizer uma palavra. Minha família estava presente a tão rica e belíssima homenagem aumentando a minha emoção.
Em 1974 tive a honra de ser convidada pelos alunos da oitava série para ser a paraninfa  da turma. Foi uma grata surpresa e motivo de reconhecimento, amizade, carinho e honra.
Fugindo aos tradicionais discursos nas Colações de Grau, escrevi uma pequena peça teatral que seria apresentada pelo "grupo teatral do Pestalozzi". Após a abertura da solenidade pela
Diretora Maria de Lourdes Ramos da Silva, o representante da sala proferiu um belíssimo  discurso saudando professores, agradecendo a mais uma etapa concluída e relembrando os momentos vividos por todos no decorrer de quatro anos. Com honras e pompas os certificados foram entregues a cada aluno acompanhado do seu pai, mãe ou um parente próximo. 
Marialda, Jailda e marialda.
A seguir, a diretora dirige-se ao público, que lotava o Salão Nobre do Pestalozzi, anunciando que que a  saudação da paraninfa seria feita com a apresentação e uma peça teatral vivida pelas alunas e professoras do colégio.
Abre-se a cortina, no cenário destaca-se um imenso coração florido com uma porta ao centro.  Uma jovem, vivida por Linalva Vila Nova, representando A Mocidade, aparece ao palco questionando a vida, lembrando os anos vividos no colégio e porque a vida tinha que ter altos e baixos, ganhos e perdas. No momento em que refletiu sobre a alegria, eis que sai de dentro do coração uma jovem num longo  vermelho escarlate toda feliz representando a Alegria! . Dirige-se a
Mocidade e  pergunta: -Alguém me chamou?
 Um longo diálogo é travado entre as duas. A Alegria se despede e desaparece. A Mocidade questiona a tristeza e a Tristeza vestida de preto sai  do coração e um novo diálogo as envolve. Assim que a Alegria se despede Surge a Esperança num longo verde-esmeralda, dialoga e também se vai. O Tempo vestindo marrom, vivido por Gentília Ramos não para um segundo. intrigada, a Mocidade pergunta: - Porque você não para? 
-Porque eu sou o Tempo e o tempo não pode parar.
Finalmente, na porta do coração surge a Saudade, representada por Janete Farias trajando um longo vestido lilás. O último diálogo é travado entre as duas: A Mocidade dialoga sobre a Alegria, a Tristeza, o Tempo, e a Esperança... A seguir indaga: - Por que todas passaram por mim e partiram e você continua no coração a conversar comigo? 
A Saudade suavemente explica: - Porque tudo nesta vida passa, tudo é efêmero. Vivemos momentos bons ou ruins mas nada é eterno. Aprenda que só a saudade permanece no coração para sempre.
Fecha-se a cortina abrindo-se em seguida. As atrizes retornam de mãos dadas, reverenciando a todos. O público  se ergue num longo silêncio entrecortado por palmas e soluços sufocados. Desce a cortina e a Saudade... Ah! esta aí mais que depressa toma os corações e permanece nele para sempre.
Carta de despedida recebida do Educandário Pestalozzi assinada pela minha diretora, grande mestra e amiga inesquecível.
























Reafirmo, Lurdinha foi mais que minha amiga, aqui no Rio foi minha segunda mãe.

Rio, 12 de setembro de 2019.
Jailda Galvão Aires.
Arquivo pessoal.   

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

EDUCANDÁRIO PESTALOZZI 1970 a 1975 nº 2

CONTINUAÇÃO:
Ficamos encarregadas eu e a professora Gentília Ramos da Silva pelas festas cívicas e datas comemorativas. Tínhamos carta branca para agir. 
Marialda (Rumba)
Amava imensamente o convívio com as salas de aulas e a integração total com meus alunos. Era um amor incondicional procurando dar tudo de mim para que as aulas fossem dinâmicas e com a participação de cada turma.
Nas comemorações fazíamos tudo para que as apresentações parecessem reais, bonitas e agradasse os pais e toda a plateia.
Rita (Samba)
Tudo era feito com a ajuda dos alunos e de suas mães que se alegravam com as fantasias para cada apresentação. 
As paradas do sete de setembro e as comemorações festivas também aumentava as vendas do comércio.
Soélia (dança das bruxas
As costureiras da cidade improvisavam para que tudo saísse a contento.
Muitos ensaios ocorriam na casa dos meus pais Jayme e Zilda, com os vinis na velha vitrola.
Zezé (Interpretação)
As meninas inventavam passos novos copiando  os programas de Tv embalados pelas músicas modernas.   Amávamos tudo o que fazíamos quer fosse nas pequenas peças teatrais, nas danças ou nos cantos com instrumentos musicais. Inovávamos tudo que estivesse em nosso alcance  com o objetivo de somar a cultura.
Marise/Marialda Dança Cigana

No dia das apresentações o Salão nobre do Colégio ficava abarrotado de gente. Era lindo  ouvir os aplausos que aqueciam nossas almas aguçando a nossa alegria e dos nossos atores.
Recordo-me que a TV ITAPUÃ de Salvador, apresentava um programa intitulado "Nossa Terra Nossa Gente" que, tinha como objetivo, mostrar os  aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos, valorizando também, a arte presente em todos os municípios da Bahia. Quando a equipe visitou o Educandário Pestalozzi, falei sobre um grupo de teatro e dança, composto pelos alunos do Colégio. Perguntei se havia por parte da equipe -"Nossa Terra Nossa Gente", interesse em conhecer e divulgar o trabalho destes talentosos alunos. Imediatamente eles  não só quiseram conhecer como marcaram a
Grupo de teatro
a gravação para o dia seguinte. No horário exato o grupo de dança e teatro chegou ofegante e lindo esbanjando juventude.
Após filmarem as Baianas e a dança cigana voltei a perguntar:
Temos temos também a dança das bruxas... 
- Esta nós deixamos para depois. Meu disco de vinil já estava entortando com os raios solares que batiam em cima na extensa quadra esportiva.
Após a penúltima filmagem pedi as meninas que vestissem a fantasia das bruxas. Quando o grupo apareceu com mini blusas e mini saias, esbanjando beleza, talento e sensualidade, a equipe da TV ITAPOÃ voltou-se boquiaberta e extasiada. As meninas  iniciaram a dança com suas vassouras de ráfia coloridas. A equipe passou a filma-las de baixo para cima sem perder um só lance das lindas dançarinas.
Professora Maria de Lourdes que, não aprovava fantasias tão avançadas para a época, escondia-se  atrás das pilastras tentando ocultar num sorriso enigmático, satisfação e  orgulho. Afinal, o Educandário Pestalozzi sairia no próximo programa representando o lado artístico da nossa cidade do Sol - Coaraci.
O programa foi ao ar e o grupo se reuniu em torno das TVs, que ainda eram poucas na cidade. Difícil era, naqueles dias, alcançar o sinal e deixá-las (as Televisões) nítidas. Foi uma alegria contagiante quando em meio a toda a programação mostrando diversos aspectos do município, as meninas surgiram lindas, felizes  e faceiras dançando a todo vapor. Gritos, palmas, pulos, abraços, e lágrimas de alegria tomou conta dos espectadores (alunos, professores, amigos e família). Afinal aparecer na TV era o sonho de todo o mundo artístico!      
OBS: fotos de Alfeu e Abdias. Arquivo de Jailda Galvão Aires.
Rio, 10 de setembro de 2019. 

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

EDUCANDÁRIO PESTALOZZI 1970 a 1975 nº 1

Educandário Pestalozzi

Falar do Educandário Pestalozzi é cutucar uma saudade que aconchego no âmago do meu ser. Como definiu o sábio poeta Bastos Tigre:  "Saudade é como se fosse espinho beijando a flor." 
São estas flores que rego diariamente para mantê-las vivas e perfumadas ainda que seus espinhos, envoltos em favos de mel, piquem disfarçadamente.
Quando fui convidada pela diretora
Maria de Lourdes Ramos da Silva, esposa do Pa. Jessé Maria da Silva, fundadores do Educandário Pestalozzi.

Profas. Maria de Lourdes e Jailda 




Para integrar ao corpo docente do referido colégio, não poderia imaginar que passaria a conviver, diariamente, com uma das pessoas mais generosas, sábias e brilhantes que conheci. 



Sara entre Jailda e Líbia Pimenta


Nutrimos uma pela outra um elo que só existe entre mãe e filha que se entendem e compartilham valores essenciais a vida. E aqui, no âmbito da questão seria  à educação íntegra e integral de seus alunos.
Foi uma troca de admiração e respeito mútuo. Com a professora Maria de Lourdes tive muito mais a aprender e muito mais a empreender.
                                            
Profo. Dágno Cavalcante e Jailda

A palavra "difícil" não existia no vocabulário desta grande gestora. A palavra impossível lhe parecia o possível em ação. 
Maria de Lourdes dirigia o colégio com sábia firmeza, determinação e entusiasmo. Com ela a indisciplina não criava asas. 


Portava-se  à porta de entrada do colégio olhando o comprimento   das saias das alunas e o tamanho dos cabelo dos alunos. 

Angélica e Amália (desfile)


Durante a rigorosa inspeção se alguma aluna, por descuido ou distração, tivesse se  esquecido de desenrolar o cós da saia para deixa-las mais curta, a profa. Lurdinha agachava-se um pouco, e, sem pedir licença, desmanchava um pedaço da bainha enquanto, com voz suave e impositiva, perguntava: 

- Filhinha, sua mamãe não percebeu que você cresceu? Volte amanhã com a saia até o joelho. O mesmo acontecia com os alunos cabeludos: - Volte amanhã com os cabelos cortados. 
Para à época não era excesso de autoridade, era respeito e disciplina às regras e as normas

 do Colégio que empunhava em seu escudo: "Ser culto para ser livre."  Tinha todo o apoio dos pais.       
É compreensível que  muitos alunos só vieram a entendê-la e agradecê-la quando a maturidade lhes abraçou o coração. Inúmeras cartas de ex alunos chegavam à sua residência no Rio de Janeiro, agradecendo tudo o que  aprenderam com ela, e que a amavam como a mãe que não tiveram. Fui testemunha destas inúmeras missivas que a deixavam feliz e com o orgulho do dever cumprido: EDUCAÇÃO EM TODOS OS SENTIDOS. Alunos não eram simplesmente alunos. Eram filhos da alma.


Marialda, Marise,Claudia e Malvaci (Desfile)


Em 1970 ingressei na Faculdade de Filosofia de Itabuna que integrava a matéria matemática. Somando dia a dia o aprendizado acumulado com as aulas da Faculdade, passei a ensinar desenho,
matemática, e geometria.
 O curso de Educação Física também não existia, na vizinha cidade de Itabuna mas na longínqua Salvador.
Buscando uma solução mais viável fui imediatamente enviada a Salvador onde cursei dois meses intensivos, na APEFB ministrado na Fonte Nova, retornando com um certificado que me qualificou a exercer a matéria de Educação Física. Voltei com apostilas e livros e me dediquei intensamente nesta atividade, onde tive a felicidade de modificar um pouco do que a escola já exercia. Estive presente também no 1º encontro dos professores de Educação Física do Sul Baiano na cidade de Itabuna.

Enoilce, Zezé, Marise, Zezé e demais alunas. (Educação física)


Substituí as aulas enfadonhas por ginástica rítmica, com instrumentos feitos pelos próprios alunos, jogos como  Handebol de Salão, que ainda não existia na região. Associei também outros jogos e atividades relacionadas à expressão corporal. 
Juntamente com o professor de Educação Física dos alunos fizemos um intercâmbio entre as cidades vizinhas conquistando para Coaraci duas taças: Uma de futebol de Salão e a outra do Handebol feminino. 
O nosso slogan sempre foi: "Mens sana in corpore sano"

CASAMENTO NA IGREJA NOSSA SENHORA DE LOURDES

No dia 15 de fevereiro de 1975, eu e Antonio nos casamos na Igreja Nossa Senhora de Lourdes numa cerimônia muito bonita, com a presença...