Da
esquerda para a direita: Renato Andrade Galvão, Lucílio Bastos, Tânia
Quinto, Josenita Quinto, Luis Póvoas, Dr. Mário Albiano, Profo. Plínio
de Almeida, Eliane A. Galvão, Jailda Galvão, Pa. Jessé Maria da
Silva,Rui Marinho, Hamilton Andrade, Antonio Carlos de Souza e Afonso
Celson (Os dois últimos do Banco do Brasil)
LANÇAMENTO DO JORNAL “O ARAUTO”
No ano de
1967, jovens estudantes coaracienses, sob a liderança de Jailda Galvão,fundaram
o Jornal intitulado O ARAUTO, que teve a sua primeira tiragem em novembro
do mesmo ano.
O ARAUTO
era diagramado e impresso em Itabuna, na gráfica do Sr. Hélio Pitanga, grande
incentivador, colunista e tinha como responsável o seguinte grupo: Jailda Andrade
Galvão (Presidente), Marly Selman (Vice-Presidente), Renato Galvão (Secretário),
Afonso Celso (Tesoureiro), Hamilton Andrade (Diretor Comercial), Jessé Maria da
Silva (Orientador), Redatores: Marly Selman, Antônio Carlos de Souza e
Rui Marinho e, como colaboradores: Tânia Quinto, Eliane Galvão e
Luiz Póvoas (também redator).
Este
grupo, com toda a sua audácia, podia-se dizer que era formado por jornalistas autodidatas e jornaleiros.
Escreviam e vendiam os jornais. Contavam com a ajuda do Comércio,Bancos,
Médicos, Dentistas e Advogados que colaboravam com propagandas dosseus
estabelecimentos, consultórios ou escritórios, impressas no jornal.
Importante
ressaltar que não contaram com ajuda financeira da prefeitura ou de qualquer
órgão público, em que pese haverem procurado até como incentivo
àcriação
de um meio de comunicação e de publicidade, lembrando que naquelestempos não
havia telefone na cidade. Esta negativa teve de certa forma o seulado
positivo: Não ficaram presos a nenhuma entidade política ou ideológica.
Livres e
independentes, portanto, poderiam cobrar qualquer irregularidade porventura
ocorrida, bem como a eficiência dos administradores municipais, em prol do seu
crescimento socioeconômico e cultural do município. A maior causa,portanto,
era lutar por justiça social, segurança pública e jurídica e, sobretudo,
observar
como os recursos públicos, arrecadados pelo município, estavam sendo aplicados.
Importante
ressaltar que todo recurso arrecadado com propagandas era aplicado no jornal
não havendo, portanto, nenhum tipo de retirada financeira ou mesmo distribuição
de qualquer centavo, pelo contrário, gastos com passagens, alimentação quando
em viagem a Itabuna etc., eram bancados pelos bolsos dos componentes do grupo.
Após
inúmeras reuniões, troca de ideias e muita ansiedade o tão esperado dia do
lançamento do ARAUTO chegou com o seu primeiro exemplar no dia quinze de
novembro de 1967, em sessão solene no Clube Social de Coaraci, palco dos grandes
eventos culturais e festivos da cidade.
Em destaque,
sobre uma pequena mesa, coberta por uma belíssima toalha branca e rendada que
lhe caía ao chão, pousava a pilha de jornais envolta com uma um laço de fita
verde e amarela.
A extensa
mesa de abertura, lindamente vestida e ornada com buquês de flores, foi preenchida
pelas autoridades convidadas e a diretoria do ARAUTO iniciando assim o lançamento do tão esperado
órgão de imprensa.
A
expectativa foi tão grande que lotou completamente o Clube Social. Compareceu
em massa a sociedade coaraciense, entidades civis, militares, jurídicas e religiosas;
convidados, poetas, escritores, diretores e diretoras colegiais, professores e
estudantes, no afã de ouvir as preleções que antecederiam ao lançamento do
referido jornal.
A mesa fora composta
pelas autoridades presentes, aqui relembradas: O Prefeito Gilberto Lírio, o
Presidente da Câmara Sr. Joaquim Moreira, o juiz de direito Dr. Mário Albiani
que presidiu os trabalhos da cerimônia, a Presidente do Jornal, Jailda Galvão, Marly Selman, vice-presidente e
toda a diretoria; os convidados de honra, Professor Plínio de Almeida e o
renomado Radialista Lucílio Bastos, ambos da próspera cidade de Itabuna. Dentre
as autoridades municipais presentes, destacamos: Gilberto Lírio (Prefeito Municipal),
Dr. Mário Albiani (digníssimo Juiz de Direito da Comarca), Jessé Maria da Silva
(Pastor da I Igreja Batista, professor e ao lado da esposa professora Maria
de Loudes, fundadores do Educandário Pestalozzi – conferencista da noite), Antônio
de Oliveira Leite (Capitão e professor do Ginásio de Coaraci), José
Almiro Gomes (conceituado advogado e orador da noite), Sr. Joaquim Moreira (vereador e notável pelos
seus discursos nas tribunas e declamador dos versos do poeta Catulo da Paixão
Cearense), Dr. Walter Badaró, Dr. Wanderlino Clodoaldo de Almeida, Dr. Themístocles Carvalho de Azevedo ( o
Médico dos Pobres), Dr. Hildebrando
Morais Pires, Antônio
Batista Scher, Hilton Fortunato, professores e outras tantas personalidades, além de toda a diretoria fundadora de O ARAUTO.
Como
ilustres convidados especiais, o respeitável Dr. Plínio de Almeida (professor
universitário considerado o maior orador do sul da Bahia), Dr. Lucílio Bastos
(notável jornalista e radialista da cidade de Itabuna). Após as falas da noite
teríamos a seguir a abertura da fita que enlaçava o ARAUTO, estando assim, lançado,
oficialmente, o tão esperado jornal que foi partilhado entre os presentes.
Dentre
tantos acontecimentos nesta noite histórica, com os seus magníficos discursos
enaltecendo a juventude pela fundação do jornal, destaque-se aqui um fato
ocorrido na solenidade e que guardamos na memória, como se fosse ontem: Um dos
oradores da noite aconselhou aos responsáveis pelo jornal que não perdessem as
suas pautas escrevendo poesias, mas que só tratassem de temas inerentes ao
município como todo.
O último
orador da noite, professor Plínio de Almeida, após belíssima oratória,
Concluiu a
solenidade dizendo: Queridos jovens idealistas, jornalistas, orgulho desta
terra, façam deste jornal um meio de comunicação voltado aos acontecimentos e
interesses da cidade, mas, não se esqueçam de deixar um cantinho dedicado a
poesia, nem que seja no rodapé ou num cantinho de suas folhas, porque, se
poesias não fossem publicadas hoje não saberíamos dizer:
-
Auriverde pendão de minha terra,
Que a
brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte
que a luz do sol encerra
E as
promessas divinas da esperança…
Tu que,
da liberdade após a guerra,
Foste
hasteado dos heróis na lança
Antes te
houvessem roto na batalha,
Que
servires a um povo de mortalha!…
Fatalidade
atroz que a mente esmaga!
Extingue
nesta hora o brigue imundo
O trilho
que Colombo abriu nas vagas,
Como um
íris no pélago profundo!
Mas é
infâmia demais!... Da etérea plaga
Levantai-vos,
heróis do Novo Mundo!
Andrada!
Arranca esse pendão dos ares!
Colombo!
Fecha a porta dos teus mares!
Castro
Alves.
E, graças
ao professor Plínio de Almeida, muitos escritores, redatores e poetas da cidade
foram revelados como veremos nas fotos de O Arauto que serão postadas a seguir.
(Da
esquerda para a direita: Lucílio Bastos, Marly Selman, Renato Andrade Galvão, Eliane Galvão, Profº Plínio de Almeida, Eliane Galvão,
Jailda Galvão, Ruy Marinho)